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TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOIÉTICAS “DOAÇÃO DE MEDULA ÓSSEA”


Publicado em 18/10/2024, por Erica Machado.

A medula óssea, também conhecida como tutano, é o local onde são produzidas as células do sangue. Dentro dessa medula, existem células especiais chamadas células-tronco, que dão origem aos glóbulos brancos (que nos protegem de doenças), aos glóbulos vermelhos (que levam o oxigênio para o corpo) e às plaquetas (que ajudam o nosso sangue a coagular).  Quando uma pessoa tem alguma doença que afeta essa “fábrica de sangue”, como a leucemia, um dos tratamentos pode ser o transplante de medula óssea.

O transplante de medula óssea consiste na substituição de uma medula óssea doente ou deficitária por células normais, com objetivo de reconstituição de uma nova medula. Para a realização do transplante de células-tronco hematopoiéticas, que é um processo de formação das células sanguíneas, a seleção do doador com grau de compatibilidade, representa uma das estratégias essenciais para o sucesso do transplante. Existem pacientes com indicação de transplante de medula óssea que não possuem doadores compatíveis na família e dependem de doadores voluntários cadastrados no Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME), do Ministério de Saúde do Brasil. 

Os pacientes portadores de doenças hematológicas e onco-hematológicas, ou seja, doenças que afetam a qualidade do sangue, que não possuem doadores compatíveis na família são atendidos pelo REDOME. 

Pesquisas apontam que, aproximadamente, 30% dos pacientes com indicação de transplante de medula óssea possuem doadores compatíveis na família, os demais dependem dos voluntários que estão cadastrados no banco de dados como possíveis doadores para aqueles que necessitam do transplante de medula óssea.

Para se tornar um doador de medula óssea é necessário atender alguns pré -requisitos como estar saudável, não ter doença infecciosa ou incapacitante, não apresentar doença neoplásica (câncer), hematológica (do sangue) ou do sistema imunológico. No entanto, algumas complicações de saúde não são impeditivas para doação, sendo analisado caso a caso. Além disso, o  cadastro do doador pode ser feito em uma faixa etária entre 18 e 35 anos, já que estudos recentes mostram que, quanto mais jovem é o doador melhor o resultado do transplante para o paciente, promovendo aumento na sobrevida, além de menores taxas de complicações, mas seu registro pode se manter no banco de dados até os 60 anos. 

O transplante é uma alternativa terapêutica baseada na infusão de células progenitoras hematopoiéticas obtidas de um doador compatível com fatores genéticos (genes do sistema HLA), sendo que, o teste de compatibilidade é determinado com base nos genes Human Leucocyte Antigen (HLA), os quais permitem estabelecer as diferenças e semelhanças imunológicas entre os tecidos biológicos dos seres humanos. Devido os genes HLA serem altamente polimórficos, as chances de encontrar um doador compatível na população em geral que atenda às necessidades de um paciente é baixa. Para compatibilidade é necessária a identificação dos genes HLA idênticos e, também, compatibilidade alélica. A metodologia utilizada para a identificação das variantes alélicas, são os métodos moleculares PCR-SSP e PCR-SSO, através da tipagem sorológica. 

A compatibilidade mostra que não há diferenças imunológicas entre o doador e o receptor, dessa forma, o sistema imunológico do receptor não vai combater as células recebidas do doador fazendo com o que o transplante seja bem-sucedido. Somente após o processo de compatibilidade, o doador é submetido a um procedimento feito em centro cirúrgico, sob anestesia, e tem duração de aproximadamente duas horas. A medula óssea é coletada do doador através de punções nos ossos da bacia, um procedimento seguro. Essa medula, rica em células que formam o sangue, é então transfundida para o paciente que precisa do transplante. Antes de receber a nova medula, o paciente passa por um tratamento para “destruir” sua medula doente, por meio de quimioterapia e/ou radioterapia. As células transplantadas se instalam na medula do paciente e começam a produzir novas células sanguíneas. O transplante é a chance de cura para cerca de 80 doenças, como as leucemias, principalmente a leucemia linfoide aguda.

Portanto, o número de cadastros nesse órgão é de fundamental importância para atender a demanda de pacientes sem doador compatível na família. Em síntese, o texto esclarece como é difícil uma compatibilidade genética entre doador e receptor, tendo a finalidade de mostrar, não apenas como é realizado e do que se trata o transplante, mas também para conscientizar as pessoas aptas a doar, visando aumentar o número de registros de doadores na faixa etária entre 18 a 35 anos.


Fabíola Naíne Ramos e Paula - COREN-MG 637432.

REFERÊNCIAS: 

PEREIRA, N. F. et al. Seleção de doador de medula óssea ou sangue periférico. Curitiba. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia V. 32(Supl. 1), p. 3-5, 2010.


DUARTE, Bruno K. L. Medula Óssea: Função e como funciona a coleta. Disponível em: <https://altadiagnosticos.com.br/saude/medula-ossea#:~:text=O%20que%20%C3%A9%20a%20medula%20%C3%B3ssea?,um%20transplante%20de%20medula%20%C3%B3ssea>. Acesso em: 9 out. 2024.

Associação Brasileira de Medula Óssea (ABMO). O que é medula óssea? Disponível em: <https://ameo.org.br/o-que-e-medula-ossea/>. Acesso em: 9 out. 2024

 

Instituto Nacional de Câncer (INCA). Transplante de medula óssea. Disponível em:< https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tratamento/transplante-de-medula-ossea#:~:text=S%C3%A3o%20realizadas%20m%C3%BAltiplas%20pun%C3%A7%C3%B5es%2C%20com,e%20destr%C3%B3i%20a%20pr%C3%B3pria%20medula.>. Acesso em: 9 out. 2024.


Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Marília (HCFAMEMA). Ministério da Saúde altera idade para doadores de medula óssea. 2021. Disponível em: 

<https://hcfamema.sp.gov.br/ministerio-da-saude-altera-idade-para-doadores-de-medula-ossea/>. Acesso em: 9 out. 2024

 

 

* Texto: Grupo PET-DPCFC