Cidade

Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas em Ouro Branco

Grupo de mulheres reuniu para celebrar a data


Publicado em 26/07/2021, por Bruna D'Ângela.

Um grupo de mulheres negras e de diferentes etnias participaram neste domingo (25), do 1ª Encontro do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha. Uma data em que as mulheres negras, indígenas e de comunidades tradicionais refletem e fortalecem as organizações voltadas às mulheres negras e suas diversas lutas.

A iniciativa é da Rose Félix, comerciante e professora de percussão na cidade, e teve apoio da Associação de Cultura Afro-brasileira de Ouro Branco “ACAFRO”, da Surania que gentilmente cedeu o espaço no Hotel Verdes Mares, Portal Tabloide e de outros convidados como o Contador de histórias Pedro Cordeiro de Congonhas, Leticia Lopes do grupo de teatro “Cia tanto faz”, da professora Marie do IFMG e da Assistente social Domingas. “Com essa ação, estamos tentando sensibilizar a sociedade e representantes do poder público para a necessidade de assegurar e garantir o direito a igualdade de gênero para que seja construído estruturas inclusivas, da valorização da nossa identidade", assim relata Rose.

                                                                                       Professor Komodo, Rose e Rayne

Segundo a Fundação Palmares, em 1992 um grupo de mulheres iniciou uma mobilização pela criação da Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-Caribenhas, juntamente à Organização das Nações Unidas (ONU), e conseguiram que o dia 25 de julho fosse reconhecido como o Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha. No Brasil o reconhecimento ocorreu em junho de 2014, por meio da Lei nº12.987, que institui o dia 25 de julho como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, homenageando uma das principais mulheres, símbolo de resistência e importantíssima liderança na luta contra a escravização.

Para Komodo, Capoeirista há quase 18 anos e membro fundador da ACAFRO, que hoje atua como professor na instituição, o momento e de saudarmos nossas ancestrais e celebramos nossa existência, e a capoeira tem esse viés, no Brasil, estima-se que 35% dos praticantes de capoeira são mulheres e um estímulo ao resgate da identidade racial delas, estamos sempre buscando através da cultura mostrar nossa arte e nossa dança, e nosso espaço na sociedade, estamos sempre envolvidos em atividades que ressaltam o movimento negro.

                                                                                Professor Komodo, Rayne, Ana Lívia, Lucas e Ana Júlia

Durante o evento teve dinâmicas e diálogos sobre a importância na Mulher negra na sociedade e na literatura, foi citado nomes de mulheres que resistiram e que revolucionaram a nossa história como Conceição Evaristo, Maria Firmina dos Reis, Carolina Maria de Jesus, Djamila Ribeiro, Marielle Franco.

“O encontro foi uma excelente oportunidade de nos aquilombarmos, e buscarmos juntas possibilidade de (re)existências em um momento ímpar de nossas vidas, mas também para nos repensarmos a partir do contexto da nossa cidade. O momento possibilitou nos conhecermos um pouco mais, trocar experiências e sonhar outros possíveis para nós em nossa cidade.Viva as mulheres negras, latino-americanas e caribenhas, que nossas lutas sejam reconhecidas e nossas vidas, vividas em plenitude”! Assim enfatiza a Professora Marie Luce Tavares.

 

De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2019, 42,7% dos brasileiros se declararam como brancos, 46,8% como pardos, 9,4% como pretos e 1,1% como amarelos ou indígenas. As mulheres negras compõem 28% da população brasileira. Juntos, negros e negras representam 54,9% da força de trabalho do Brasil e 57,7 milhões de pessoas, segundo dados do IBGE.

As pesquisas constatam a precariedade e a vulnerabilidade da mulher negra na identificação da posição social do feminino negro, baixos salários e poucas oportunidades, sobretudo no mercado de trabalho brasileiro, por esses e outros motivos na maioria das vezes essas mulheres desenvolvem atividades de menor prestígio social e com menores rendimentos, devido as raízes coloniais, a diferença remuneratória está relacionada aos problemas sociais, econômicos e trabalhistas que podem ser vistos até hoje.

"A gente é criada para ser assim, mas temos que mudar. Precisamos ser criadas para a liberdade. O mundo é grande demais para não sermos quem a gente é." Elza Soares - Cantora