Considerado um clássico contemporâneo, Torto Arado pode ser seu novo livro favorito. Itamar investe em uma narrativa com surpresas, referências e muitas movimentações. Certamente, um romance que envolve o leitor até as últimas páginas.

Em 1888 foi abolida a escravidão no Brasil, hoje, em 2021, dados relevam que mais 160 mil pessoas trabalham em condições análogas à escravidão. Naquela época, os povos escravizados foram libertados de suas condições de servidão aos senhores da terra, neste momento, o livro é o encontro de um passado pouco citado e pensado, é a vida dos descendentes desses povos.

Localizados na Bahia, dentro da Fazenda Água Negra, vivem muitas famílias que cuidam das terras do patrão para terem onde morar. Essas terras são ricas em cultivo, quem mora lá não pode erguer casa, são apenas barracos. Nessa história de exploração, a família de Zeca Chapéu Grande é protagonista.

Quando as irmãs Belonisia e Bibiana sofrem um grave acidente na infância suas vidas são marcadas para sempre. A partir deste ponto, a história desenvolve os laços e os conflitos que acompanham a vida das jovens negras na fazenda. Filhas de pai de santo, sempre conviveram com diversas pessoas que frequentavam sua casa, mas fora dali, o mundo era desconhecido.

Ler Torto Arado é mergulhar em um lugar esquecido e silenciado, é ver com os olhos das irmãs um mundo outro se abrir para movimentos de significação. Ardente e necessário, esse livro pode, e merece ser lido e seguir com a fama que ganhou.