Certa vez, ouvi uma palestra que dizia que temos várias faces para convivermos em uma sociedade. Temos aquela persona que  levanta para ir trabalhar se esforçando para ser o mais gentil e competente  possível. Aquela persona livre que convive com a família, já outra legal que convive com amigos, mais uma de ordem espiritual para ir a na Igreja e assim vai. Como se para cada ocasião tivéssemos uma personalidade mais adequada.

O palestrante muito acertadamente nos comparou a um equilibrista. Sabe aquele que se esforça em equilibrar vários pratos rodando sem deixar com que nenhum se quebre? Achei bem interessante, porque de fato estamos aí nos esforçando para que nossos pratos não se quebrem. Num movimento frenético e sem fim de manter o movimento de todos de forma contínua, uniforme e constante.

Mas apesar de todo esforço, em uma época da vida vi alguns pratos meus quebrarem. Para dizer a verdade quase chutei todos mesmo. Num cansaço sem igual. Abri a internet para distrair e descobri! Descobri nada, lá no fundo já sabia. Mulheres têm muito mais pratos para equilibrar que homens. Fato.

Em uma pesquisa recente realizada pela Ipsos em parceria com o Instituto Global para a Liderança Feminina do King’s College London, do Reino Unido, descobriu se que nosso país é o terceiro do mundo que acha que o homem que fica em casa para cuidar dos filhos é menos homem. Ficando atrás somente da Índia e da Coreia do Sul. Então esses pratos são nossos (mulheres)! E que não podemos deixar cair de jeito nenhum, senão...corre que lá vem pedrada! Dados do IBGE informam que o trabalho voluntário no Brasil é exercido pela maioria feminina. Mais um prato na conta. Afinal temos que salvar o mundo! Mas não serei injusta, no mercado de trabalho os homens exercem uma maioria esmagadora. Toma um pratinho para vocês! Opa, mas as mulheres que optam ou não conseguem chegar ao mercado de trabalho se sentem um peso na economia familiar. Aumenta então mais um pratinho ai para gente, o da Culpa. Quanto às tarefas domésticas, não é preciso ver qualquer dado do IBGE todo mundo sabe quem equilibra o prato aí. Tem mais, o do padrão de beleza, de comportamento, de capacidade intelectual que tem ser demonstrada com muito mais força pela mulher para tentar concorrer com seus pares, no mundo do capital.

Sendo assim, não dá, sempre um prato nosso vai cair. E o que cai primeiro é sempre de nossa saúde física e psicológica.

Vamos para a pergunta de um milhão! Como reverter isso? Primeiro: Saibam; as mulheres tem um peso maior, bem maior no funcionamento da sociedade e da família, e isso cansa. Injustiça dói. Segundo: Conhecimento e educação são a chave. Vamos conversar sobre, ler, e principalmente reconhecer e assumir papéis de ajuda nesse processo. Vamos educar nossos filhos para essa realidade e sua necessidade de mudança. A participação de todos é fundamental. 

Apesar de todo meu cansaço e aqui me esforçando para não deixar meus pratinhos caírem sugiro uma pequena ação para vislumbramos uma mudança real e começarmos o processo de divisão justa de tarefas: Você mulher, já teve seus 30 minutos de descanso hoje, sem culpa? Hora de começar. Que quebrem se os pratos!

Verônica Alencastro

Advocacia para Mulheres