Elizabeti Felix
Nossa história: A origem do município de Ouro Branco
Publicado em 30/04/2021, por Elizabeti Felix.
Todas cidades têm seu passado que pode contribuir com informações importantes para o presente, de modo que um povo que conhece sua história, não comete os mesmos erros.
Ouro Branco teve sua origem no fim do século XVII, provavelmente no ano de 1694 com o processo de ocupação iniciado com as primeiras bandeiras e surgiu tendo sua primeira denominação em 1699 por Miguel Garcia. Antes da chegada dos primeiros exploradores, a região era território acidentado coberto por uma fechada floresta, sendo habitada por tribos indígenas.
(Guerrilhas. John Moritz Rugendas, 1835)
A conclusão da data de origem de 1694 resultou pelas pesquisas de vários relatos de historiadores, principalmente de Diogo de Vasconcelos e registros de datas em livros de tombos eclesiásticos. Os bandeirantes já exploravam ouro em Itaverava e há o registro da Carta de Sesmaria de Borba, de 03 de dezembro de 1710, onde se lê que o Itatiaiuaçu se chamava Serra de Itatiaia, onde já se encontravam Manuel Garcia e Miguel Garcia. Esta data está de acordo também com pesquisas que ressaltam duas interessantes passagens – Miguel de Sousa que partiu em busca do Ouro do Tripuí em 1691 e não encontrou o caminho e Antônio Dias em 24 de junho de 1698 que deu início à exploração.
Os primitivos habitantes desta região foram os índios da tribo Carijós.Os índios Carijós encontravam-se espalhados pelo Brasil e se concentravam no Sul do País. Eram dóceis e trabalhadores de fácil relação. Pela facilidade com que mantinham contato e ajudavam os brancos, rapidamente foram incorporados nas “Sesmarias” e nas ocupações dos bandeirantes. Porém esta relação não impediu de serem escravizados e, ao longo dos anos, reduzidos de forma drástica.
Nossas terras conheceram desbravadores que enfrentaram todo tipo de sorte, como: Garcia Paes, Antônio Dias e o temido Manuel de Borba Gato. Os ex-integrantes das Bandeiras chefiadas por Borba Gato, Miguel Garcia de Almeida Cunha e Manuel Garcia, transpondo os altos da cachoeira de Itabira do Campo (atualmente Itabirito), descobriram o ouro na região. Miguel Garcia descobriu na falha radial da Serra, onde se encontram os mananciais dos Ribeirões da Cachoeira e Água Limpa um ouro mais claro denominado “ouro branco”, a partir daí originou-se um pequeno povoado para exploração do ouro.
(Lavagem-do-ouro-Itacolomi)
Manuel Garcia seguiu na direção Nordeste, indo dar com o rico córrego do Tripuí, descobrindo o “ouro preto”, cor produzida devido à presença do Óxido de Ferro em sua composição.
Miguel Garcia, por sua vez, desce o vale do chamado “Rio da Serra”, que corre para o Oeste, paralelamente à aguda escarpa da Serra do Deus Livre.
Funda um povoado nessa região, após descobrir ouro de cor amarelada, produzido pelo mineral paládio a ele associado, denominado “ouro branco” por simples contraste cromático aparente com o “ouro preto” do Tripuí.
O local, a princípio, recebeu o nome de seu descobridor como “Ribeiro Miguel Garcia”, tendo portanto, a primeira denominação em 1699.
Posteriormente denominado Santo Antônio do Ouro Branco no século XVII, a localidade estava diretamente relacionada à exploração mineral em Vila Rica e região.
Minas Gerais não recebeu este nome em vão, a grande maioria das cidades do estado têm em seu passado histórias parecidas devido a exploração do ouro ou de pedras preciosas, que foi responsável pela interiorização dos povos, onde deram início a vários pequenos povoados os quais cresceram, ou estagnaram, conforme sua importância na mineração.
(Litografia Rugendas sobre o caminho dos tropeiros na Serra do Ouro Branco entre 1827-1835)
O processo de migração intensa em busca de riquezas, trouxe em pouco tempo um aumento da população dos povoados onde se descobria o ouro. O metal precioso encontrado na região da Serra do Deus te Livre, não era de boa qualidade, o arraial cresceu conseguindo se organizar às custas da agricultura e pecuária.
À sombra de Vila Rica, o arraial de Ouro Branco tornou-se distrito e ao longo dos anos compartilharam a mesma história. Ouro Preto e Ouro Branco têm suas raízes entrelaçadas em um mesmo passado.
Hoje cada um tem seu território, o respeito mútuo com características distintas para um futuro de identidade coletiva.
· Na próxima edição “NOSSA HISTÓRIA”, vamos contar um pouco mais sobre a origem do município e da mineração na região.
“Um povo sem conhecimento, saliência de seu passado histórico, origem e cultura é como uma árvore sem raízes.” Bob Marley
Fonte: Ouro Branco dos Ciclos/ Elizabeti Felix. – Belo Horizonte:
Editora : Ler para Escrever, 2017.84p. ISBN 78-85-66562-15-6