Elizabeti Felix

Identidade Cultural, Histórias e Lendas


Publicado em 10/06/2021, por Elizabeti Felix.

Toda cidade tem sua identidade cultural, suas histórias e lendas, algumas preservam com maior cuidado através de arquivos históricos, museus, documentários e livros.

Infelizmente muito se perde ao longo dos anos, com o falecimento de nativos que com sabedoria popular e experiência repassavam as informações. No passado, era muito comum em noites frias as famílias se cercarem ao redor de uma fogueira, a luz da lua ou em época de quaresma onde muitos “causos” eram contados. A quaresma além de penitência e abstinência, passava a ser um tempo de bruxas, lobisomens; assombrações e almas penadas.

Muitas dessas “crendices” perderam seu significado com o passar dos anos, as pessoas deixaram de acreditar em lendas e passaram a ser mais “modernas”, numa época que a tecnologia domina o dia-a-dia, o imaginário popular perdeu suas tradições.

Ainda hoje, algumas cidades do interior com reminiscência católica, recordam algumas lendas que ainda assustam moradores, basta você fazer uma rápida busca no Google sobre o assunto.

Se você pesquisar e buscar informações sobre a história da sua cidade, do seu país, você provavelmente ficará surpreso como algumas ainda influenciam o presente. Os templos, as simbologias, a arte e as crenças demonstram a origem dos povos, das tradições e da vida daquela sociedade independente do tempo, provavelmente estará lá identificado.

Como é um assunto muito extenso, podemos citar um costume simples como o “sinal da cruz”, praticado por católicos. Muitos ainda acreditam que tem a ver com o cristianismo, mas sua origem é na Suméria, onde o povo fazia homenagem a Tamuz, uma figura messiânica. As pessoas demonstravam constantemente seu amor e adoração a Tamuz fazendo o sinal do "t".  Seu nome está hoje no Alfabeto Hebraico com a letra Tau, que é a sua inicial. Na antiga Suméria seu nome tinha o símbolo da cruz, seus sacerdotes e seus seguidores faziam o sinal da cruz nos cultos religiosos em homenagem a esse deus.

Se você não sabia, o paganismo abraça uma larga variedade de movimentos religiosos e uma identidade inserida na nossa cultura como o carnaval, o natal entre outros. O termo pagão não deve ser associado à praticas satanistas e atualmente há uma nova denominação “neopaganismo”, inclui visões mais secularistas de sociedades sob o paradigma do ateísmo ou do agnosticismo.

Muitas das nossas celebrações estão ligadas as tradições pagãs cultuadas na idade média, muitos dos símbolos que você vê em seus templos, muitas das suas tradições têm origem no paganismo e você desconhece.

Poderíamos abordar num outro momento, crenças e práticas religiosas de grupos de pessoas que na atualidade ligam-se à Natureza através da recuperação das antigas religiões pagãs, muitas dessas praticadas por nossos ancestrais.

A importância do conhecimento histórico leva você a entender o passado e não discriminar no presente, porque ter preconceito no meu entendimento é não perceber as diferenças, interligadas profundamente em suas raízes.

Quando você torna-se capaz de abraçar, perscrutar o que não compreende, perceberá ausente de julgamento.

Em geral, os pagãos valorizam mais a vivência da religiosidade em detrimento das discussões metafísicas. O respeito aos ancestrais e o tradicionalismo que isso implica, faz das religiões pagãs uma experiência de continuidade ancestral.

Após a Igreja Católica ter sido formada e haver adquirido poder, os costumes dos Pagãos foram vistos como uma ameaça ao sistema religioso, a adoração dos Deuses da religião antiga foi banido. Os antigos festivais foram superados pelos novos feriados da Igreja, e os antigos Deuses da Natureza transformados em criaturas do mal.

As pessoas podem procurar estabelecer, conscientemente, uma sintonia com o conhecimento do passado e o entendimento do presente, ter um contato mais íntimo com a história e com a espiritualidade, isto gera abertura e aprendizado.

Num país onde existe uma mistura de raças e influencias culturais desde as religiões afro-brasileiras as mais tradicionais, é possível elevar a visão e perceber a eclosão desta riqueza cultural desde nossas raízes até o presente. Reconhecer e respeitar essa miscigenação é primordial para o entendimento dessas práticas e preservar o patrimônio imaterial através de registros.

Ao descobrir sua verdadeira identidade, é possível estar ciente da sua sacralidade.

Um ser humano que se encontra, age com segurança, responsabilidade e firmeza, defendendo seus interesses de forma consciente, sem agredir, desrespeitar ou competir, pois em cada um ele reconhecerá sua ancestralidade.

Do ponto de vista histórico, pesquisas mais detalhadas ou profundas sobre a iconografia simbólica afro-brasileira e católica podem identificar conexões entre os povos do novo e do Velho Mundo, uma das funções mais admiráveis do conhecimento é ser fonte de respostas às questões que intrigam o ser humano - a sua origem e identidade.