Elizabeti Felix

Folclore local, pergunte aos seus avós!


Publicado em 21/08/2021, por Elizabeti Felix.

No dia 22 de agosto comemora-se o dia do Folclore e o Brasil é muito rico em sua cultura popular, a conexão entre lendas, contos, mitos e histórias sobre criaturas e seres sobrenaturais habitam o imaginário de diversas regiões do país.

Num artigo sobre a Serra de Ouro Branco abordei sobre a MÃE-DO-OURO, que é uma personagem do folclore brasileiro. Embora não seja muito conhecida, essa lenda não é popular apenas em nossa cidade, mas em alguns locais do Brasil, como nas regiões interioranas do Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do país, adquirindo interpretações.

Em algumas versões da lenda, seu formato é de uma grande bola de fogo que possui a capacidade de se transformar numa bela mulher, com a habilidade de levar ao encontro de tesouros escondidos ou mesmo jazidas de ouro. Sendo conhecida como a protetora dos tesouros e do ouro. Além disso, é considerada protetora da natureza, principalmente dos rios e montanhas.

Em outra versão da lenda, a Mãe-do-Ouro também protege as mulheres que são maltratadas pelos maridos e infelizes nos casamentos, levando os maridos indesejados para uma caverna longe de sua família, prendendo-os para sempre. Segundo informações de pesquisadores, essa lenda se popularizou graças às histórias de entidades femininas que vivem na natureza (no caso de Deusas, fadas e dríades celtas), trazidas pelos imigrantes portugueses e ingleses.

O CAVALEIRO SEM CABEÇA – Nas noites de lua cheia a meia noite era possível ouvir os trotes pela Rua Santo Antônio, um cavaleiro que passava sem pressa em seu cavalo negro até a Capela Nossa Senhora Mãe dos Homens. Nada seria demais se não fosse por ele manter sua cabeça segura entre os braços e o pescoço vazio.

Essa lenda ouvi quando era criança e é claro que várias vezes tive a coragem de olhar pela fresta da janela, para ver o tal cavalheiro. Lembro que meia noite demorava demais a chegar e o sono me pagava no meio da descoberta.

Em 2004, a Professora Raquel Dias realizou um trabalho de pesquisa sobre lendas folclóricas de Ouro Branco com seus alunos, obtendo ótimos resultados. A escola era Maria Auxiliadora, com alunos do terceiro ano do ensino fundamental.

As informações vieram dos alunos através de seus familiares mais antigos, eles ilustraram as lendas e fizeram um registro que depois foi trabalhado por outra professora, Jane Monteiro Dias, que me passou os documentos.

Vamos conhecer algumas lendas, vou resumir:

MARIA DO POTE – Antigamente nem todos possuíam água em casa, Maria do Pote era dona do terreno onde possuía uma nascente. Com seu falecimento as pessoas passaram a buscar água nesta fonte, daí começou a surgir estórias dos mais velhos, contavam que Maria ia aparecer na bica com o pote na cabeça.

PROCISSÃO DOS OSSOS- Conta-se que há muitos anos atrás, na época da quaresma acontecia uma procissão dos ossos, sempre a meia noite. Quem não estivesse nesta procissão não poderia chegar a janela e nem abrir portas. Até que um dia uma mulher muito curiosa, da Rua José Fortunato, chegou a janela e viu a procissão passar. Então abaixo da sua janela apareceu um jovem e pediu a essa mulher para guardar um embrulho, ela guardou. Na manhã seguinte, muito indiscreta ela abriu o embrulho e encontrou o osso de uma perna.

O PADRE- O padre perdeu a chave do sacrário antes de morrer, depois que faleceu, aparecia sempre para procurar a chave na igreja. Muitas pessoas tinham medo e diziam que era um fantasma. Um senhor muito corajoso aguardou o padre aparecer e entregou a chave, depois disso o padre nunca mais voltou.

O interessante sobre as lendas locais é que elas nos faz imaginar as personagens, fantasiar imagens e brincar com a realidade.

Além das lendas locais, ainda há várias que permeiam por nosso imaginário como a Mula-sem-cabeça e o Saci Pererê, outras são típicas de localidades indígenas e ribeirinhas como o Boto Rosa e a Iara mãe d´água, existem muitas outras. Se você é um professor de escola fundamental e gosta de incrementar e incentivar suas aulas trabalhe com pesquisas local, a educação patrimonial traz muito interesse e participação dos alunos. Provavelmente se perguntar a um parente mais velho ou a um historiador local vai descobrir muitas informações sobre o assunto.

 

Resgate uma lenda, resgate nossa cultura!

*imagens ilustrativas foram feitas pelos alunos da professora Raquel