Elizabeti Felix
Segundo Ciclo Econômico – Uva
Publicado em 30/03/2022, por Elizabeti Felix.
A região de Ouro Branco possuía terrenos propícios à atividade agrícola, a terra, a topografia do vale, a rede hidrográfica vasta que por muitos anos foi um convite à produção, propiciando então o surgimento de um novo ciclo econômico.
“Um mineiro de Diamantina, Conselheiro e ex-ministro do Império João da Mata Machado e o médico Arthur Fernandes Campos da Paz, escreveram algumas obras sobre cultura vinícola e produção de vinhos”. (ESCHWEGE, Wilhelm Ludwig Von – Pluto Brasiliensis.1824).
João da Mata Machado foi um dos proprietários da Fazenda Pé-do-Morro e nessa época dedicava-se ao plantio de uvas, pois a região era propícia ao plantio.
Com relação a esse Ciclo, o Barão de Eschwege (Wilhelm Ludwig von Eschwege) se referiu ao plantio como um fato interessante e observou que “Ouro Branco era a única localidade do Brasil onde todos os habitantes se dedicam em suas fazendas, à cultura da vinha (Caderno Açominas nº 18 de fevereiro de 1989).
O desenvolvimento das videiras era naturalmente das regiões de clima mediterrâneo. As primeiras videiras foram trazidas ao Brasil por Martim Afonso de Souza, que veio de Portugal com o objetivo de disseminar a agricultura na nova colônia.
A história da uva no país está quase sempre relacionada aos imigrantes europeus que conheciam o processo de plantio, eles adaptaram a cultura da uva em diferentes condições climáticas. A videira prefere temperaturas entre 15 e 30 graus, faixa que influencia o processo de fotossíntese, a produtividade e a duração dos dias entre floração e colheita, período que deve contar com muita luminosidade.
A região do Ouro Branco era muito fria e provavelmente essa temperatura influenciou a adaptação da cultura da uva. Com exceção dos solos encharcados, a videira costuma se desenvolver bem em qualquer tipo de solo.
.... Este arraial destaca-se especialmente pela sua encantadora situação e pela beleza geral dos arredores. É formado por umas 80 casas, enfileiradas em duas ruas, uma que se dirige do sul para o norte e outra de leste para oeste, ocupando ambas uma suave elevação, e uma igreja construída em pedra, ornada de duas torres. No centro da localidade, há umas vinte palmeiras plantadas em torno de um chafariz, as quais lhe dão um aspecto particularmente gracioso. Este arraial distingue-se sobretudo pelas saborosas uvas moscáteis que medram profusamente em seus pomares. (POHL, J.E.,p.409).
Conforme observação do Barão e de Pohl, podemos imaginar que a cultura da uva fazia sucesso na região o que incentivou outros fazendeiros a investir nessa tradição.
As fazendas da região que cultivavam uvas de boa qualidade direcionavam-se para a Fazenda Pé-do-Morro, onde iniciaram a fabricação artesanal de vinhos, cuja produção visava o reconhecimento da tradição local. O ciclo do vinho ocorrido na cidade teve um período curto e com poucos registros. João da Mata Machado Júnior foi dono e fundador da Companhia Nacional de Vinhos, juntamente com Arthur Fernandes Campos da Paz. Seu projeto era implantar na Fazenda Pé-do-Morro uma das primeiras fábricas de vinho de Minas Gerais.
Infelizmente devido à Segunda Guerra e à crise que se abateu na economia, o projeto não progrediu e foi abandonado. O patriarca Mata Machado era um homem muito rico e possuía vários domínios e mantinha a Fazenda Pé-do-Morro como uma de suas propriedades: Realmente, seus bens tinham valor incalculável: além das casas em Diamantina, Ouro Preto e outras cidades mineiras, era proprietário de toda a Serra do Ouro Branco, local de sua fazenda Pé-do-Morro onde o filho Edgard escreveu vários versos (HORTA, Luiz Otávio Madureira. Conheça o poeta Edgar Mata: ele morreu de amor quando o amor matava. Suplemento Literário, 636, 09 de dezembro de 1978).
A Fazenda Pé-do-Morro é sem dúvida um exemplar muito importante do nosso passado, sendo testemunha das nossas fases mais intensas e críticas. Esse reconhecimento veio através do tombamento Estadual e Municipal.
Elizabeti Felix
Terapias alternativas: Terapeuta Reiki, Moxaterapia e Acupuntura abdominal Japonesa Mubun Dashin
Formação Acadêmica: Economia com especialização em Gestão Pública
Práticas integrativas: PIC em Medicina Tradicional Chinesa, plantas medicinais e fitoterápicos, cromoterapia.
Artes: Técnicas em douramento e restauração, modelagem e pintura envelhecida.